Sobre o futuro

  Eu tenho pensado muito (até demais) em fazer um curso em outra área. Eu sei que seria um desperdício de tempo, porque o tempo que eu levaria pra me formar seria o mesmo tempo que eu levaria pra terminar o mestrado e quase terminar o doutorado. Não sei o que houve. A biologia é uma coisa que gosto muito, e devemos fazer o que nós gostamos e blábláblá. Mas só de pensar que tenho que estudar mais seis anos e que, depois de todo esse tempo, não tenho certeza se vou ter emprego... Desanima. E o pior de tudo é que com mais de 10 anos de estudo eu vou ganhar (se conseguir emprego) a mesma coisa, ou menos, que uma pessoa só com graduação em qualquer engenharia ganha. 
  Pensei que se fizesse Letras, por exemplo, poderia dar aula em qualquer cursinho de inglês - ou até abrir uma escola de línguas, quem sabe - e poderia me dedicar a ler e escrever livros. Eu poderia abrir uma livraria ou trabalhar como tradutora de livros. Não sei. são muitas opções. 
  O que me motiva a continuar na biologia é a possibilidade de viajar. No próximo mês vou a um simpósio internacional em Belo Horizonte. Eu sei que é no Brasil ainda, mas eu nunca viajei de avião, então será uma coisa totalmente nova! 
  Também estou empolgada com o meu projeto. Não estou encontrando nada parecido, então vou poder publicar em uma baita revista (se der certo). \o/
  Ao mesmo tempo fico ansiosa, porque tenho medo que dê errado, que eu não encontre as respostas que eu quero ou, pior ainda, que eu nem consiga coletar nada! Enfim. Tomei muito café e fiquei paranoica. Daqui um pouco passa.

Sobre não abandonar o blog...


   Essa foi uma semana longa, muito longa. Mesmo estando morta de cansada, resolvi abrir o Só por Darwin pra postar um pequeno texto que escrevi hoje na aula de Ecologia de Ecossistemas (falando sobre teias tróficas e transferência de energia). Não tem muito pé nem cabeça, mas foi o melhor que consegui fazer depois de traduzir simultaneamente um artigo em voz alta (que matou minha concentração e a minha garganta)!



   Um ecossistema é constituído pelas partes biológicas e físicas da natureza, unificadas pela dependência e contribuições dos organismos para a manutenção das condições e composição do mundo físico. Os estudos dos padrões que ocorrem dentro dessas unidades vêm ganhando notabilidade desde o início do século 20. Estudiosos como Elton, Tansley, Lotka, Lindeman e Odum criaram conceitos, elaborando e discutindo modelos como a transferência de energia entre os organismos participantes de teias tróficas, incluindo desde os produtores primários do ecossistema aos predadores de topo dessas cadeias. 
   A principal fonte de energia utilizada pelos seres autotróficos é a radiação solar, que é assimilada através da fotossíntese, produzindo energia química na forma de carboidratos. Essas moléculas formadas podem ser rearranjadas, reunidas e combinadas com outros nutrientes (fornecidos pelo ambiente), formando novos compostos essenciais à estrutura e funcionamento desses organismos. 
   Os seres autotróficos – aqui destacados os fotossintetizantes – formam a base das cadeias alimentares, servindo de alimento para consumidores herbívoros que, por sua vez são consumidos por carnívoros e assim sucessivamente. Essa transferência de energia de um nível trófico a outro segue os princípios da termodinâmica, em que o trabalho é convertido em energia térmica e essa não pode ser convertida em trabalho. Então não há perda de energia, mas grande parte é dissipada na forma de calor respiratório, devido ao trabalho executado pelos organismos daquele nível trófico. Assim, apenas cerca de 10% da energia inicial poderá ser aproveitada pelo próximo nível trófico através do consumo da biomassa produzida. Essa parcela de energia que não pode mais ser transformada em trabalho nas transformações termodinâmicas é mensurada pela entropia. 
   Esse padrão de transferência de energia foi ilustrado na forma de pirâmides de energia, onde a quantidade de biomassa produzida, ou seja, a energia que estaria disponível para o próximo nível, é representada quantitativamente para cada nível trófico. Diferentes tipos de ecossistemas podem apresentar pirâmides de energia diferentes, mas, em geral, os produtores apresentam a maior produtividade e essa vai se reduzindo de um nível trófico a outro. 
   Ainda existe um grande interesse por parte dos ecólogos em estabelecer essas relações complexas das teias tróficas, compreendendo o papel de cada espécie nas cadeias de transferência de energia. Também são necessários mais estudos para entender como a presença ou ausência de organismos pode influenciar comunidades. São questões que remontam ao tempo de Elton e Tansley, mas que ainda precisam ser mais bem discutidas para que se tenha uma compreensão mais ampla do funcionamento dos ecossistemas.

  E é isso. Só coloquei aqui pra não deixar o blog sem postagens por tanto tempo. Quando der tempo/inspiração eu escreve alguma coisa.

Como um livro e algumas críticas podem mudar seu pensamento

 Acabo de ler o livro "Histórias Impublicáveis Sobre Trabalhos Acadêmicos e Seus Autores" de Efraim Rodrigues. Muito engraçado. Rá. Rá. Sério. É engraçado. Mas achei meio triste. Me fez refletir sobre todo meu trabalho acadêmico até agora (4 anos de iniciação científica e o trabalho de conclusão de curso). Será que tudo o que eu fiz até agora serve pra alguma coisa? Sim, claro!! Serviu pra me ajudar a crescer. Mas será que serve pra alguma coisa além disso? Acho que não. 
 O primeiro laboratório que trabalhei, tinha um ritmo frenético. Então, meu primeiro projeto de pesquisa não foi muito bem discutido. Só fui ouvir falar em "hipótese" uns três anos depois. Acho que a isso se deve minha incapacidade de elaborar hipóteses e de seguir o método científico. Dois dos revisores do artigo (que foi rejeitado) usaram o termo "tautologia". Primeiramente, obrigada por me apresentarem uma palavra nova! Também agradeço por abrirem meus olhos com relação a esse defeito. Realmente, por não saber elaborar hipóteses, eu vejo meus resultados e os coloco lá na introdução, fazendo de conta que eu tinha uma hipótese! Espero nunca mais repetir isso!
 Enfim. Preciso repensar meu projeto inteiro. Se vale à pena. Se é relevante. E preciso focar no trabalho. Tinha criado alguns projetos paralelos pra aproveitar as noites livres, mas agora decidi que vou arquivar eles por hora e focar no que eu tenho que fazer!
 Estou escrevendo isso pra eu ler de novo daqui um tempo e ver se realmente eu fiz o que disse que ia fazer. É uma forma de ver como mudei. Por exemplo: aquele post sobre os mosquitos! Que viagem foi aquela? Seleção natural tem mais a ver com a reprodução do que com a sobrevivência. Mesmo querendo voltar no tempo e me estrangular, encaro de forma positiva, vendo o quanto eu evoluí. 

Sobre não desistir...

Quando eu ligo o computador pela manhã, uma das primeiras coisas que eu faço é abrir o email. Hoje eu estava com um pressentimento de que não seria muito bom abrir o email. Então, fiquei enrolando, procurando coisas e vendo vídeos na internet e quando não tinha mais o que fazer, abri o email e vi que nosso artigo foi recusado! De novo!
Não estou muito triste porque sei que isso acontece. Só fiquei um pouco chateada porque é a segunda vez que esse artigo é recusado. E tem tantos artigos cheios de erros que são publicados!! E uns com análises tão simples que qualquer um poderia fazer sem se esforçar tanto! (Sem tirar o crédito deles, é claro!)
Mas estou pensando positivo: Walt Disney foi demitido de um jornal por não ser criativo, nem ter boas ideias. A Decca Records não deu uma chance aos Beatles por "não terem futuro no show business". Einstein foi expulso da escola por ser mentalmente lento. O livro "O diário da princesa" de Meg Cabot passou por 17 editoras antes de ser finalmente publicado. Stephen King teve o livro "Carie, a estranha" rejeitado 30 vezes antes de conseguir publicar. J.K. Rowling foi rejeitada 12 vezes e ainda recebeu um insulto de um dos editores, ao recomendar que a escritora “não perdesse mais nem um dia de trabalho”.
Então, não vou desistir. E se esse não for aceito, outros serão e assim seguirá a vida. Afinal, quem mandou eu querer ser cientista?

O sonho da carreira acadêmica

Quando eu concluí o Ensino Médio, eu queria ser musicista. Até cheguei a ganhar uma bolsa pra graduação em Música, mas como a procura pelo curso era baixa, acabou não formando turma. Então, lá na segunda opção estava Ciências Biológicas. Eu realmente não sabia se eu queria ser bióloga, e só escolhi licenciatura porque era à noite! Então, com bolsa integral, pude me dedicar exclusivamente ao curso. No segundo semestre fiquei sabendo que haviam vagas para trabalhar meio turno na Universidade. Nem sabia o que um bolsista de Iniciação Científica fazia, mas resolvi me inscrever! Foram dois anos trabalhando com Educação Ambiental, viajando pra congressos e seminários... Vivia sem dinheiro, porque o pouco que eu recebia acabava gastando em lanches na cantina da URI, em posteres e viagens pra esses eventos.

Em 2012 o prof. Rodrigo largou um "Topa trabalhar com Aegla?" e eu aceitei (achando que Aegla era um tipo de peixe - dãã). Aí foram mais dois anos trabalhando com esses caranguejos de água doce e morfometria geométrica (que parecia complicada no início, mas se tornou muito fácil com o tempo). 

Com o fim da graduação chegou o fim das bolsas de IC. Aí tive que arrumar um emprego e fiquei sem tempo pra estudar pra seleção do mestrado. Pra não fazer a prova sem ter estudado nada, li minhas anotações das aulas de Ecologia e dois capítulos sobre Ecologia em um livro de Ensino Médio. Mas como disse alguém (que eu já não lembro quem) depois da prova, o que contou mais na hora de responder às questões foi a bagagem que tínhamos, não o quanto tínhamos estudado. 

Hoje, quando li a lista de classificação da seleção do mestrado e vi meu nome em primeiro lugar comecei a tremer e a chorar. Pode ter parecido bobo pra quem me viu (eu estava no trabalho) desse jeito, mas não sei explicar. Todos esses acasos (de não ter fechado turma de música, de ter me inscrito pra IC sem saber o que era e ir trabalhar com Aegla - que no fim das contas não era o peixe que eu queria) acabaram me levando pra um caminho que me fez sonhar com a carreira acadêmica. Quando entrei pra faculdade, se você me perguntasse o que eu queria fazer da vida, eu diria "Ah, sei lá...". Agora digo que meu sonho é ser pesquisadora e professora. Não importa quando nem onde, mas este é o meu sonho. 

Então quando eu vi meu nome lá, percebi que estava um passo mais próxima do meu sonho. 



"Ilustração científica" - Vanessa braziliensis

   Resolvi desenhar alguma coisa que não fosse uma ave e me arrependi completamente. Borboletas são tão cheias de detalhes que quando cheguei na metade do desenho eu desisti e só terminei uma semana depois! Por isso a pintura ficou uma porcaria nas partes em laranja...
   Escolhi essa espécie (Vanessa basiliensis) porque estou procurando desenhar animais com que eu tive algum tipo de contato (por ter trabalhado com eles ou simplesmente por admirá-los). Essa borboleta foi usada pela minha colega de IC no trabalho de conclusão de curso e eu coletei algumas quando fui ajudar outra colega que fazia um estudo de visitantes florais.




"Ilustração científica" - Pica-pau-do-campo

      Segundo desenho e, olha, é uma ave! Juro que o próximo vai ser outra coisa... Peguei umas dicas de como pintar com uma amiga e não tem mais aqueles rabiscos do desenho anterior. Com isso percebi que tenho que praticar bastante, para melhorar cada vez mais!
      Escolhi o pica-pau-do-campo porque eu sempre via um ou dois caçando insetos no gramado da URI e acho o canto deles bem engraçado.



Pica-pau-do-campo (Colaptes campestris

      Também é conhecido como chã-chã. Possuindo 32 centímetros, essa espécie é facilmente identificável por conta da sua coloração; tem os lados da cabeça e do pescoço amarelos, assim como o peito, o alto da cabeça e a nuca são negros, da mesma forma que o bico e os tarsos, manto e barriga barrados e o baixo dorso é visivelmente branco ao voo. 
      Alimenta-se de insetos, principalmente formigas e cupins. A secreção de sua glândula mandibular é como uma cola que faz com que a língua funcione como uma vara de fisgo para capturar os insetos. Habita campos e cerrados, vive em casais e, às vezes em pequenos grupos. Terrícola, costuma capturar insetos no solo, mas ao se sentir ameaçado procura árvores ou grandes pedras para se proteger.

Estado de Conservação: Pouco Preocupante

Fonte: wikiaves